poppers
INALAÇÃO
-
Pequenas inalações podem causar dores de cabeça, taquicardia, visão turva, hipotensão postural e transitória, todas elas tratadas sintomaticamente.
-
Também pode resultar em sinusite e nalgumas situações, desencadear reações alérgicas mais graves, acompanhadas de chiado e dispneia. [5]
EXPOSIÇÃO TÓPICA
O uso frequente destes inalantes é associado ao aparecimento de pele lesionada (dermatites ou queimaduras) com crosta de tom amarelado característico ao redor de áreas mais expostas, tais como o nariz, boca, lábios e rosto.
As queimaduras devem ser tratadas com os procedimentos normais: lavar com água em abundância e aplicar uma pomada cicatrizante. Normalmente, não são queimaduras graves, e não é necessário recorrer ao hospital, mas o paciente deve sempre estar atento à sua cicatrização. Este tipo de erupções dermatológicas são habitualmente tratadas em 7-10 dias.
Fig, 2 (a) e (b): Dermatite em homem de 42 anos (MSM) que guardou um recipiente partido de poppers nas calças.
(c) e (d): Queimadura em homem de 52 anos, seropositivo para HIV, que guardou o popper na meia. [6]
PROBLEMAS DE VISÃO
-
Embora não hajam muitos estudos acerca da ação dos poppers no olho, há um hipótese para o mecanismo pela qual eles induzem danos irreversíveis nele.
-
Após oxidação, os nitritos originam NO, que é um estimulador da guanilciclase muito encontrada nas células fotorecetoras do olho. Como a guanilciclase é estimulada, há um aumento de GMPc no interior destas células, uma molécula importante na cascata de transdução de imagem. A sua acumulação leva a danos óticos, para além do aumento da pressão intra-ocular. [5];[7]
Fig. 3 A e B: Paciente do sexo masculino, 30 anos, sem historial de problemas oculares, apresenta perda visual central após inalação de poppers. A sua acuidade visual é de 6/12 no olho direito, e 6/18 no olho esquerdo. Exames específicos mostraram disrupção da fóvea, zona onde é formada a imagem para transmissão ao cérebro.
No follow-up do paciente, 6 meses depois, o paciente não apresentava melhorias, mesmo com a cessação da inalação de poppers.
-
Exemplos como o anterior têm sido mais comuns após 2006, quando a legislação impediu a comercialização de inalantes com amil nitrito. Em alternativa, os fabricantes começaram a vender inalantes com isobutil nitrito: uma relação causa-efeito foi estabelecida entre este composto e a maculopatia dos poppers, visto que houve um aumento significativo de casos de perda de visão após inalação. [7]
METAHEMOGLOBINEMIA
-
Provavelmente, este é um dos efeitos adversos mais graves da utilização frequente dos poppers. Os nitratos são capazes de oxidar a hemoglobina dos eritrócitos, levando à formação de metahemoglobina, Este tipo de hemoglobina é incapaz de se ligar ao oxigénio.
-
Um elevado consumo de poppers, leva à elevada formação de metahemoglobina, que em casos extremos leva à hipóxia nos tecidos e a quadros de anemia. [5]
HIV, DEFICIÊNCIA EM G6PD E CANCRO
-
Pacientes com deficiência em glucose-6-fosfato-desidrogenase NÃO DEVEM utilizar poppers, visto que estes são indutores de anemias hemolíticas graves.
-
Visto que os nitritos têm uma ação negativa nas células imunitárias (como as células T, macrófagos e monócitos), são contra-indicados em pacientes com HIV.
-
De notar também que sendo compostos nitrados, é provável que sejam CARCINOGÉNICOS, pois reagem com compostos azotados trivalentes endógenos, levando à formação de NITROSAMINAS. In vitro, foi verificado que o isobutil nitrito tem esta ação, mas fica ainda por determinar a quantidade de nitrosaminas formadas e a exposição necessária para que se formem e induzam cancro, [8]